Thursday, August 25, 2011
Our movement
Monday, August 15, 2011
Thursday, August 11, 2011
DUAS TESTEMUNHAS
Alemao da Brava (Fernanado Alves) - Em Puerto Escondido com uma gunzeira shapeada pelo Fidao, e laminada pelo Pig (in memoriam).
Vou contar uma historia pra voces.
Era inverno em Floripa. Acho que o ano era 2001, ou 2000. Chuva forte, tempo feio. Cinza. Ondulacao gigantesca de leste, com influencia de sudeste. Rodrigo Viegas me liga, e me convoca pra ir atras de surf. Dirigimos ate' a Joaca e... (wow!) enfurecida, uma ondulacao gigante em forma de ressaca. Vento sul moderado por causa da chuva. Tocamos pro Norte da Ilha. Corremos ate' o Lambe-lambe (uns trinta minutos de corrida numa trilha molhada pela chuva). Nao estava quebrando, porque a ondulacao tinha muita influencia de sudeste. Um olha pro outro... Praia Brava? Quando estamos passando pelo topo do morro da Praia Brava, uma serie quebra na Ponta da Feiticeira (ponta do costao direito da Praia Brava), parecendo um point-break de nivel internacional. "Olha aquilo!!" Viegas resmunga tentando se conter passando a mao na cabeca, jogando os longos cabelos pra tras. A Ilha estava parecendo uma "cidade fantasma". No momento em que paramos o carro ao lado da casinha dos pescadores, nao existia uma alma-viva em lugar nenhum na rua, a nao ser por um ser que estava la'. Um unico individuo olhando para o mar. Fernando Alves, mais conhecido como Alemaozinho da Brava, que hoje em dia vive em San Clemente, California. Eu vi que, quando ele nos avistou, seus olhos brilharam. Ele nos enviou um certo sorriso que... me deu frio na barriga. Ou seja, "It's on!" Vestimos nossas roupas-de-borracha e corremos pro costao, pra pular das pedras. Correndo na praia, eu olho pro outside, e me deparo com uma visao que nenhum surfista gosta de visualizar antes de entrar no mar. O oceano brigando com a terra. O oceano de mau-humor. Muita agua movendo sem direcao. Nao dava pra ver o horizonte, so' ondulacao e espuma. Mas nos estavamos determinados. Porem, sufoco na hora de pular na agua. No unico lugar possivel, as ondas explodiam constantemente lavando as pedras mais de dez metros acima da linha do oceano. Alemaozinho, num momento de demonstracao "aqui eu conheco", numa fracao de segundos, ele teve uma unica chance, e nao exitou, se jogou, e em questao de segundos estava no pico, olhando pra nos. Eu e Rodrigo Viegas ainda em cima das pedras, procurando por uma lacuna no tempo. Eu cancei de esperar (ansiedade tava me matando naquele momento), resolvi descer ate a praia e tentar varar a arrebentacao no braco e na rassa. Remei coladinho no costao, tentei segurar o maximo que eu pude bem perto do costao (remei durante uns bons minutos), ate' que... senti o momento e comecei a remar que nem um louco, respirando igual um triatleta subindo o ultimo morro da prova. Passei por cima de uma serie de uns 8 pes, e quando me dei conta, eu tava no "paraiso". Olhei pro costao e vi Viegas ainda la', esperando pelo seu momento. Quando cheguei perto do Alemaozinho, ele diz: "Ta grande! Mas tem altas ondas!" Eu fiquei estudando o pico por um bom tempo, o tamanho das series, onde elas estavam entrando, como, e quando. Eu estava com uma Hennek 5'11" swallow (quase fish), minha prancha do dia-a-dia na epoca. Praticamente, usava essa prancha em (quase) qualquer condicao. Obviamente, equipamento errado. Nao so' eu, varios amigos meus que tinham quiver, mas que preferiam usar a prancha do dia-a-dia em situacoes extremas. Ou as vezes, por simples equivoco. Acha que o mar nao vai estar tao grande, e opta por nao levar uma prancha maior. Rodrigo Viegas nesse dia, estava usando a sua Hennek do dia-a-dia, 6'0" round pin.
Alguns minutos mais tarde, Viegas aparece remando no outside. As ondas explodiam na ponta do costao sinalizando as series entrando. Uma ondulacao de 8 a 10 pes (sinceramente, acho que tinha umas ondas de 12 pes) lava as pedras e cria um pico, meio backwash de lado, vindo do costao. Viegas pega uma onda enorme, bem no pico, Alemaozinho olha pra mim e fala sorrindo, excitado: "Parece Mavericks!!" Eu resolvo me arriscar um pouco mais, e pego uma onda com a minha pobrezinha 5'11". No drop, parece que a onda vai me arremessar contra o costao, mas, eu consegui botar pra baixo. Continuo indo na onda, tentando conectar ate' a praia. Quando a onda bate no banco de areia, tinha uns 8 pes, talvez mais, eu continuei correndo a onda ate' que, seguramente, botei pra reto e fui ate a areia.
Um dia feio, que se tornou um dos mais bonitos da minha vida.
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